A Imperatriz Leopoldinense está prestes a viver um carnaval decisivo, não só por marcar sua volta ao Grupo Especial, depois de ligeira passagem na Série A (Ouro), mas também pelo próximo desfile significar uma série de reencontros e despedidas. Se, de um lado, fica a tristeza com a partida do patrono Luiz Pacheco Drummond e da porta-bandeira Maria Helena, do outro está o reencontro com a carnavalesca Rosa Magalhães, para cantar outro grande vitorioso na alviverde: Arlindo Rodrigues.
Nome menos celebrado do que mereceria, Arlindo tem uma contribuição decisiva para os rumos visuais e estéticos na folia entre as décadas de 1960 e 1980. Se muitos conhecem a importância de Fernando Pamplona e Joãosinho Trinta, poucos sabem que, entre os dois, há um elo: este carnavalesco que foi campeão pelo Salgueiro, Mocidade e Imperatriz. São exatamente as três agremiações que guiam a setorização do cortejo da Rainha de Ramos em 2022, e ajudam a compreender a importância de Arlindo ainda como cenógrafo do Municipal, importando o estilo de grandes óperas para a Avenida.
O marco que consolidou uma linguagem teatralizada dos desfiles foi a apresentação do Salgueiro de 1963, sobre Xica da Silva. Responsável pela concepção do cortejo, Arlindo apostou em figurinos históricos e coreografias inovadoras. Se Pamplona foi o grande ponta-de-lança da chamada Revolução Salgueirense, Arlindo deu as bases estéticas e visuais dessas transformações. O legado de ambos inclui a formação de uma geração de herdeiros artísticos, uma delas a própria Rosa Magalhães.
Profunda pesquisadora, a carnavalesca preparou fantasias e alegorias que fazem referência ao conhecido estilo “barroco” de Arlindo e lembram materiais que ele introduziu na festa e ajudaram a carimbar seu estilo, como espelho, acetato, vime e ráfia. Mais uma vez, Rosa olha para a história do carnaval e reconhece o legado do qual faz parte. Ao pisar na Avenida, a Imperatriz louva não só sua história, mas a do carnaval como um todo, celebrando o legado de grandes criadores da festa: Rosa e Arlindo.
Autor
Escritor, curador e mestre em Artes. Editor do Carnavalize.

